Demanda externa por carne, acima da crescente produção interna, elevou o preço no varejo.
A maioria dos brasileiros considera a carne como o segundo produto mais essencial na hora de fazer mercado, atrás apenas do arroz, de acordo com a pesquisa "Ouro na Prateleira", da Reds Research, empresa especializada na Indústria de Bens de Consumo. Embora ocupe um posto de destaque no ranking, ela não é mais a principal fonte de proteína da população. Com a alta dos alimentos, o ovo assumiu o protagonismo. Já a carne, especialmente a de primeira, virou item de luxo em muitas residências brasileiras.
De acordo com o levantamento, 84% dos brasileiros perceberam aumentos significativos nos preços dos alimentos, e 65% afirmam que essa alta impactou diretamente na alimentação diária - percentual que sobe para 81% entre as classes mais baixas. Por isso, os consumidores têm reavaliado a forma de fazer mercado, priorizando a economia.
A analista financeira Marluce Dantas, de 41 anos, adota duas estratégias para economizar na hora das compras. A primeira delas é justamente reduzir o consumo de carne vermelha. “Passei a consumir carne vermelha só duas vezes por semana. Aproveitei porque dizem ser mais saudável comer só duas vezes na semana”, diz. A segunda é fazer as compras de hortifruti semanalmente, com o objetivo de evitar desperdício e aproveitar as promoções dos mercadinhos locais. Com isso, ela conta que economiza R$ 250 por mês.
Para tentar suprir a demanda de proteína, o ovo é a alternativa mais viável. Para Marluce, a forma de deixar o cardápio diferente é variar na maneira de consumir o produto. Ela confirma que, atualmente, consome mais ovo do que carne, mas não necessariamente o produto puro. "Mas em receitas como panqueca, crepioca e omelete. Sempre consumo, também, junto à salada para complementar a proteína”, afirma.
Os vendedores também percebem o aumento da procura. Ângelo Gava, dono de uma empresa que vende ovos no Centro de Abastecimento da Bahia (Ceasa), estima aumento de até 30% na demanda pelo item entre novembro do ano passado e junho deste ano. "Mesmo que o preço aumente, o ovo continua sendo mais barato do que as outras proteínas". Ele avalia que, além dos preços mais acessíveis, o consumo do ovo se mantém como tendência.